sábado, 31 de março de 2012

Lucidez Delirante


Quanto recluso ao meu retorno
Logo me desperto para a realidade
Pois permear por outros espaços
Espaços tão ludibriantes
É não ter tempo, nem ao menos condições
De se atentar e digerir a realidade
Mas a realidade quando atingida
É real que não será plena
Pois a plenitude está além da realidade
Mas d'aquilo que caracterizamos como real
Tem um esgotamento do que se pode suportar
Logo então começa a transformação
Transformação em excesso de realidade
Este excesso de realidade já é outra atmosfera
Repouso de novas fantasias e um ninho do delírio

sexta-feira, 23 de março de 2012

O que é a Solidão?


O que é a solidão?
Senão uma necessidade
Ou falta de opção

O que é a solidão?
Senão...
Uma ausência de opção inevitável
Fruto da condição de existência

Dentro dos grandes centros urbanos
Em meio ao feudo de construções:
Arranha-céus, rodovias e avenidas
A solidão está mais acentuada

Falta compreensão...
Sobra individualismo
Falta interação...
Sobra informação

Em meio à multidão
Se origina só, se existe só
Também pudera afinal
A existência é intransferível

O que é a solidão?
Senão a necessidade de se estar
Na companhia de si próprio
Refletir, se revoltar, se acalmar...
Sentir dor, indignação, conformidade...
E quem sabe amadurecer...
Unificado consigo próprio


Em meio a tal condição
É sábio olhar de fora para dentro
E não querer ou poder só ficar só
Por depender do outro

Na mesma linha, quando só
É sábio olhar de dentro para fora
Para entender o outro
Porque alguma coisa já se entendeu de si mesmo...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Infinito


Meus registros
são parte de minha memória

Minha memória
são partes de minha história

Minha história
são partes de minha experiência

Minha Experiência
são partes de minha vida

E minha vida
é parte de um todo

E o todo
é parte de outro todo

E o outro todo
é parte de um todo
ainda maior...

... é parte do infinito.

Tá Onde Estiver

Tá no boteco
Tá na boca
Tá no beijo

Tá no miolo
No começo
E no final

Tá no samba
Tá no enredo
E tá no ritmo

Tá na cor
Na sensação
E tá na chama

Tá na alma
Tá no sonho
E no olhar

Tá marcado
Apreciado
Incorporado

Tá em você
Tá em mim
Está neles

Tá entre nós
Pois somos nós

(Des)Encontro II

Meu simples maior desejo:
É encontrar alguém
Para me encontrar

Minha simples maior dúvida:
Será que preciso encontrar alguém
para me encontrar?
Ou me encontrar
para encontrar alguém?

(Des)Encontro I

Quando saio à rua
Sinto uns desencontros
Embora horas talvez
Sinto calor pelos cantos

Às vezes me acontece
De encontrar o encontro
É quando me encontro
Sinto amor pelos cantos

A vida se resume
Num emaranhado de encontros
Por outro lado se resume
Numa sequência de desencontros

Na minha realidade
Encontro rostos, cheiros e trejeitos...
Na minha fantasia
Misturo e imagino rostos e trejeitos...

No meu espaço
Encontro os que
Como eu
Tem o mesmo espaço

Mas meu simples desejo:
É encontrar alguém
Encontrar algo
Me encontrar...


Mesmo se deixo um tempo
Para encontrar tempo
Para o encontro


Preciso do tempo
Encontrar tempo
Para meu encontro

Mundo Paradoxal

















O espaço é muito grande
Mas tão grande é o muito
E logo passe a ser gigante
Um gigante neste mundo
De longe é apaixonante
Mas de perto é imundo

Eis aqui o mundo que é grande
Com tanto prisma e dimensão
Carrega consigo a marca do vazio
Mais a dor amarga da segregação

O mesmo mundo declarado gigante
Fora habitado por seres da pequenez
Agora penetrado nesta crise constante
Tripulantes no glamour, todos na timidez

Olha o grande que é tão grande
Composto pela infinita pequenez
Confunde, pois quando se esconde
Como consegue embelezar a avidez

Sempre pensar o quão és grande:
Risco de cruzar a esquina paradoxal
O império estás além do semblante
Precisa das notas de cedro visceral

Mundo... pequeno gigante
Gigante pequeno... mundo
De longe é apaixonante
Mas de perto é imundo