sábado, 22 de janeiro de 2011

"Bar Ruim é Lindo, Bicho!" de Antônio Prata

Dr. Prata medicou em São Joaquim da Barra, cidade que me criei e habito atualmente, e também em Tupã, cidade que cursei a faculdade de administração, militei, namorei, cantei, me estrepei... aprendi. Ambos municípios localizados no interior do Estado de São Paulo, aquele na região da Alta Mogiana ao lado leste e este inserido na região da Alta Paulista, no lado oeste.

No entanto, o motivo desta postagem não é o Dr. Prata propriamente, mas sim o fato deste ser pai do famoso escritor Mário Prata que por sua vez é pai de outro famoso escritor: Antônio Prata.

Antônio Prata, cronista e autor do livro "Meio Intelectual, Meio de Esquerda" escreveu o descontraído texto: "BAR RUIM É LINDO, BICHO!". Real motivo desta postagem.

Portanto, com vocês:

Bar Ruim é Lindo, Bicho!


"Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso frequento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinquenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinquenta anos, mas tudo bem).

No bar ruim que ando frequentando ultimamente o proletariado atende por Betão - é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhetos anos de história.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar "amigos" do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.

- Ô Betão, traz mais uma pra a gente - eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, frequenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.

O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo frequentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha com o ponto frequentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que frequentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

Os donos dos bares ruins que a gente frequenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinquenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entedem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.

Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é
muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais
assim Câmara Cascudo, saca?).

- Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?"

autor: Antônio Prata

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

1ª Esquina Cultural


No dia 21 de outubro de 2010, quinta-feira, ocorreu a 1ª Esquina Cultural no bairro Jardim Paraíso (Sanbra). A Esquina Cultural é uma proposta idealizada pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) – Fioravante Delmônico de levar manifestações culturais e artísticas acessíveis aos quatro cantos do município de São Joaquim da Barra. Para tal, a Esquina Cultural será realizada em todos bairros da cidade, buscando sempre estabelecer parceria com a escola de cada local.

O evento realizado ontem, entre a rua José Tobias e a rua Francisco Ribeiro Atanes, destacou apresentações do Projeto Movimento Pérola Negra (grupo artístico mantido pelo CRAS de valorização e propagação da cultura afrobrasileira), além da participação e apoio de professores, funcionários e alunos da Escola Estadual Profa. Graziela Malheiros Fortes. Alunos da escola receberam premiados por terem se destacados em olimpíadas de matemática, práticas desportivas e em disputas regionais de redação e poesias.

A Esquina Cultural foi prestigiada por moradores locais, além de autoridades como a prefeita Maria Helena e a vereadora Dra. Suzi. Além da ilustre abertura das atividades com a Banda Municipal Lira e Trabalho regida pelo maestro Antônio Bonutti.

Ao findar do evento, o público se mostrava explicitamente contagiante e a equipe organizadora com boa expectativa para realização da próxima Esquina Cultural que ocorrerá no bairro do Baixada.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Galera do ProJovem de São Joaquim vai à Bienal


Na sexta-feira, dia 10 de dezembro, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) – Fioravante Delmônico “Fiori” – organizou uma viagem para a 29ª Bienal que ocorreu nas instalações do Ibirapuera na cidade de São Paulo.

O passeio teve como intuito promover uma confraternização de encerramento entre os jovens que frequentaram as atividades desenvolvidas pelo CRAS ao longo de 2010. De modo descontraído, os jovens que pertencem ao Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem) e os que praticam aulas de danças (Hip-hop, axé e capoeira) tiveram a oportunidade de entrar em contato com o que está em maior evidência no mundo da arte contemporânea.

A Bienal teve como tema Política e Arte, o que permitiu uma reflexão a respeito das experiências políticas vivenciadas durante os anos da ditadura militar até a última eleição direta ocorrida no ano passado, e o modo como as manifestações artística podem dialogar e influenciar neste processo.

Após a visita à Bienal, foi oferecido um almoço aos participantes seguido de uma ida ao shopping Ibirapuera para finalizar o passeio de forma agradável e renovar as forças da galera para as atividades do próximo ano.